Até meus 9 anos de idade, meus pais tinham apenas 2 filhos: minha irmã e eu. Assim como a ordem dos filhos, eu sempre fui a segunda na vida deles. Eu era a filha que era para ter sido um homem, mas então veio meu primeiro ato de rebeldia: nasci mulher. Infelizmente, os filhos não pararam por aí. Quando eu tinha 8 anos, minha mãe engravidou de meu irmão. Infelizmente, era do sexo masculino, e aos meus 9 anos ela o teve. E então tudo acabou. Fui acusada das piores coisas do mundo para uma criança de apenas 9 anos: inveja e ciúmes. Foi o fim dos tempos para mim, e assim continuou durante o resto da minha vida. O tratamento dos meus pais mudou em relação a mim. Infelizmente, eu não era mais a caçula, agora era a filha do meio, aquela que sempre é retratada como perturbada e rebelde. E, óbvio, eu não iria ser diferente. A primeira homossexual aqui de casa, a primeira pessoa de esquerda, a primeira a levantar a voz ao meu pai, que sempre foi tão autoritário, assim como um ditador.
Com isso, me tornei o que sou hoje: infeliz. Não tenho certeza dos fatos, mas para mim, nunca serei escolhida. Se meus pais, que me conhecem desde meu nascimento, não me escolheram, quem mais faria isso?