quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Como o algoritmo molda nossos gostos e a forma que consumimos

     Alguns meses atras, publiquei no meu Instagram como um estilo de bijuteria/joia estava me atraindo, mesmo eu consumindo isso somente pelo Pinterest, mas como posteriormente eu descobri, pelo Tiktok, que estava entrando na moda ─ não sei como isso evoluiu porque eu desinstalei minhas redes.  Ademais, ontem falei para minha amiga, que quando eu ganhasse minha maquina de costura, faria algo de bolinha, a mesma que detem a mesma estética que eu, disse que estava na moda, e eu pensei como o algoritmo é incrível pois, as únicas redes de fato SOCIAIS que utilizo, é o Twitter e o Substack, além deles, somente o Pinterest. Mais recentemente, vi pessoas no Substack dizendo como o Pinterest virou mais uma rede de comércio, mas não de uma forma convencional, como ele sempre foi, mas algo bem menos orgânico, disparando anúncios de uma forma pouco sorrateira. Então, assimilei esses dois fatos: Anúncios e Desejos, daí entrei no Pinterest, na minha página de entrada depois de algumas scrolladas, me deparei com eles, três anúncios de saias de bolinha, um COTTON-ON e dois da SHEIN. 

    Em primeiro lugar, é fundamental entender que o algoritmo, apesar de ter caído na boca do povo que nós o moldamos, é uma forma de comércio, moldamos na medida em que ele nos permite molda-lo, se consumo moda, me será apresentado as novas tendências de vestimenta, e com isso, como conseguirei obtê-las, por meio de anúncios que nos instigue a compra-lo. Modelos, e formas de fotografar "aesthetics", é o novo formato que vende, apesar do Clean girl ter virado sinônimo de coisa ruim atualmente, o minimalismo e a magreza extrema são marcas registradas nessa forma de divulgar as novas tendências, marrom, off-white, branco e preto, sem cores extravagantes demais, um bracelete aqui, uma argola lá, um pouco de Sade core ali.

Como as novas tendências visam a autenticidade, mas esvaziando a palavra?

    Atualmente, vejo uma demanda na moda baseada no conceito que eu quis chamar de falsa autenticidade, esse conceito consiste em tendências que se baseiam no desejo próprio, o estranho, o diferente, mas que no final, de diferentes não tem nada. Sapatos Tabi, meias calça coloridas, sapatilhas, saias de bolinha, são só alguns exemplos dessa nova estética ─ não vamos mentir, isso fora de internet ainda é diferente, mas quero delimitar no âmbito digital ─ que se acha diferente, mas segue um fluxo de necessidade de ser diferente. No Substack isso virou tópico recentemente, que acredito se encaixará bem no que tento trazer aqui hoje, textos ensinando meninas a como serem interessantes, de certa forma, autênticas, fora da linha, e naquilo que por muito tempo fez parte do modo de vida das meninas, não ser como as outras garotas. E como isso, que de início foi uma forma de estilo contrário, se tornou, ainda que relutantemente, um Core, o #weirdgirlcore.

Como o algoritmo ajudou para a criação da falsa autenticidade. 

    Muito se falou sobre a garota que afirmou que jamais poderia ser clean girl, pois era maximalista demais, eu digo que esse foi o ponto de partida para o início do ódio ao clean girl e a criação do weird girl core. Além disso, o algoritmo entendeu como essa estética estava passada, logo deu partida a criação de novas formas de expressão, que agora buscam o contrário, o autentico, a não padronização, assim como nos anos 80 usavam muita maquiagem e nos anos 90 usaram pouca maquiagem, na moda e no século 21, isso transita de uma maneira muito menos orgânica, não de uma década para outra, e sim de um ano para o outro. De modo que, cores diferentes e formas diferentes, começaram a voltar a moda, tal como 2020, mas dessa vez, de uma forma ainda minimalista, inteligente, diferente mas com um toque de que aquilo foi feito para mim, por mim e que nada além de mim, me influenciou, mas somente quem está por dentro disso, acredita, de forma fiel, que tudo isso é orgânico. E esse é o ponto, organicidade não existe, não existe mais nada genuíno, tudo está encharcado de ideologia, como já dizia Senhorita Bira.

Concluindo.

    A saia de bolinha foi só uma comprovação, de como nada mais nesse mundo vem do gosto próprio, que como, mesmo fora da redes, estamos expostos a influência das grandes mídias sociais, como o algoritmo é conveniente demais, é genuíno demais, nos faz acreditar que desejamos coisas como desejamos um ovo da páscoa de pistache, mas assim como o ovo de páscoa que você só desejou porque viu no Instagram alguma confeitaria anunciando, as "saias de bolinha" também são desejadas por causa da enxurrada de anúncios de lojas, fazendo você desejar de forma voluntária e sincera.


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